O Verso e o Reverso
VEsse mar que chora e cantatristezas e alegrias,ora se amansa ou levantaem perigosas correrias.Esse mar que brinca agorapra se zangar a seguir,ora se apressa ou demoraa chegar e a partir.Esse mar é como eu.E num constante vaivém,tanto dá tudo de seu,Como não é de ninguém. XXXVIIITeus dedos salgadosprocuram os meus.Percorrem meu riosem os encontrar.É que houve um desvio!Os dedos amadosjá não são os teus.O meu rio corre para outro mar. XLVIINunca foste capaz de me encontrar!Porque eu era o rio,e tu a fogueira acesa no mar ... LVIIIA borboleta leveque esvoaça, não sabeque o tempo é fugaz.Deixem-na gastar esse momento.Espaventar-se de vida.Até que o próprio tempo a devolva à paz.
"Trilogia da Voz" Margarida Xavier de Sá FNAC - Colombo; Livraria Pretexto em Viseu