O Bazar do Porto, situado na Rua Direita nº 102, era nos anos 50’s uma loja de grande prestígio na cidade de Viseu.
Com uma oferta variada de utilidades distinguia-se nos brinquedos do mais simples ao mais sofisticado, na atractividade das suas montras e na diversidade de produtos de época como o Carnaval, antecipando as novidades que apresentava e que esmagavam os seus potenciais concorrentes directos. Era uma loja com um posicionamento distinto do que era praticado no aguerrido comércio tradicional da cidade.
O Bazar do Porto prestigiava a cidade e era objecto da procura de muitas pessoas que o visitavam propositadamente vindas de outras regiões. E a este facto não era alheia a figura do seu proprietário, Armindo Fernandes Machado, que com a sua educação, dedicação e trabalho granjeou prestígio e respeito na cidade que veio a adoptar como sua e onde construiu a sua família.
Desta ressaltam os dois filhos do casal, o Carlos Alberto e o Virgílio Azuíl que nasceram e fizeram os seus estudos na cidade onde eram carinhosamente tratados como os Machadinhos para não serem confundidos com a família do médico Dr. Machado que era conhecido como o Machadão.
No Bazar do Porto podíamos encontrar todo o tipo de brinquedos de então: os soldadinhos de chumbo, todos os brinquedos tradicionais de madeira como o ciclista, o gregório, camionetes e outros veículos, elegantes cavalos em cartão prensado assentes em pequenos estrados com rodas e os últimos modelos de carros de corda dos quais eu tive um sofisticado Citroen arrastadeira que até já virava as rodas.
Contava a minha Mãe que a primeira vez que terei entrado no Bazar do Porto fiquei atónito, no centro da loja, a olhar em toda a volta sem nada dizer e que a única resposta que dei ao Sr. Machado sobre o que eu escolheria de tudo aquilo que via foi, com ar muito sério: “TUDO” o que provocou uma franca gargalhada em todos os presentes na loja.
Para a juventude de então o Bazar do Porto era uma boa referência.
E o Sr. Armindo Fernandes Machado não se fazia rogado ao trabalho e participava activamente também com um stand na Feira de S. Mateus.
A história do Bazar do Porto.
“A história do Bazar do Porto, em Viseu, está intimamente ligada à desta família Machado, em Viseu.
José Machado, abriu o Bazar do Porto, na Figueira da Foz, esquina da R. Bernardo Lopes com a R. Dr. Calado, em frente do então cinema do Grande Casino Peninsular.
O filho mais velho, José Machado Júnior, estabeleceu-se em Coimbra, com o Bazar do Porto na R. Adelino Veiga e o filho mais novo, Armindo, abriu o Bazar do Porto, na Rua Direita 102.
O Bazar do Porto, em Viseu, foi criado de raiz, tendo aberto cerca de 1945.”
Que saudades do Bazar do Porto !
Porep com a colaboração de Virgílio Machado e Luis Costa.
Tal como mencionado no 2º Encontro Viseu em Lisboa no passado dia 6, a 10 de Maio passado comemorou-se o 30º Aniversário da estreia da primeira telenovela portuguesaVILA FAIArealizada pelo nosso ilustre conterrâneo Nuno Teixeira. Nuno Teixeira é descendente de uma numerosa família tradicional de Silgueiros, filho de Gil Dias Teixeira e de Maria Elisa da Silva Dias de Évora.
O Nuno Teixeira e os seus 6 irmãos passaram a sua juventude em Viseu onde iniciaram os seus estudos os quais o Nuno continuou na cidade do Porto tendo depois seguido uma carreira profissional em televisão na RTP, empresa que serviu durante toda a sua longa carreira, primeiro no Porto e depois em Lisboa.
Como Realizador o nome de NUNO TEIXEIRA está ligado aos maiores sucessos da RTP.
Em 1982 foi o realizador de Vila Faia alcançando grandes audiências com os seus 100 episódios, numa época em que rivalizava com os maiores sucessos mundiais das experientes telenovelas vindas do Brasil.
Em 1985 realizou "Chuva na Areia" telenovela baseada num inédito de Luis Sttau Monteiro com 84 episódios.
No género Comédia foi o realizador de vários programas de grande sucesso como o Sabadabadu (1981), O Tal Canal (1983), Humor de Perdição (1987), Lá em Casa Tudo Bem (1988), Eu Show Nico (1988), Casino Royal (1989) e Os Bonecos da Bola (1993).
Foi ainda o realizador de 7 Festivais da Canção entre 1980-1995 e de vários programas musicais como Olha que dois e Frou-Frou, entre outros.
Realizador multi-facetado fez a adaptação para tv do grande sucesso de Eunice Munoz "A Mãe Coragem", foi o Realizador de programas de poesia do Mário Viegas como "Palavras Ditas" e "Palavras Vivas", de várias Óperas do Teatro Nacional de S.Carlos bem como de alguns importantes jogos de futebol.
Ainda na RTP assumiu a Direcção de Produção, foi seu representante em vários encontros e organismos internacionais de televisão e áudio-visual e Administrador de algumas das empresas participadas ligadas à actividade de Produção e Realiização.
Casado e pai de dois filhos, o mais velho dos quais lhe seguiu as peugadas tendo participado na realização da 2ª edição de Vila Faia em 2008, o Nuno Teixeira divide os seus tempos entre Lisboa e a Zona Oeste/Lourinhã onde construiu o seu cantinho, goza os netos e recebe os amigos.
Nunca se esquece de Viseu e sempre que as saudades apertam vai à terra revisitar os amigos, respirar o ar puro e apreciar a cozinha.
Nuno Teixeira foi agraciado a 10 de Junho de 1995 como " Grande Oficial da Ordem do Mérito".
Com tristeza partilhamos a notícia de que José Alberto Bastos e Silva nos deixou após essa maldita doença prolongada.
Não nasceu em Viseu mas desde cedo se adoptou como Viseense e como tal agia.
Amigo do seu Amigo, Amigo de Viseu, desde os primeiros tempos nas Páginas Amarelas e continuando na SIC e no Grupo Impresa sempre assumiu uma costela da nossa terra. Cavaleiro da Confraria dos Saberes e Sabores do Dão Grão Vasco era presença constante na Festa Os Melhores Anos em Viseu, em Setembro.
Faz falta.
Com a devida vénia ao Diário de Notícias, trancrevemos:
"Membro do Conselho de Administração da televisão de Carnaxide e ex-diretor-geral da estação, José Bastos e Silva, 67 anos, morreu esta terça-feira. Luís Marques fala "em grande perda para a SIC".
"É uma grande perda para a SIC, para o grupo Impresa e para o sector da televisão em Portugal".
É com estas palavras que Luís Marques, atual diretor-geral da SIC, recorda o seu antecessor no cargo José Bastos e Silva, membro do conselho de administração no grupo de Francisco Pinto Balsemão, e que faleceu esta madrugada, vítima de doença prolongada.
Bastos e Silva esteve sempre ligado à SIC desde o seu início, onde ocupou vários cargos. No seu percurso de 20 anos pela estação, foi o primeiro diretor de publicidade deste canal. Em 2002 foi apresentado como diretor-geral da estação, cargo que deixou em dezembro de 2008."
As histórias do parque da Cidade estão escritas nos seus bancos.
Como na grande maioria dos Parques e Jardins, os bancos do Parque tinham o formato de “onda do mar a caminho da praia”, com uma estrutura em ferro onde assentavam umas ripas de madeira pintada. Bancos cómodos, frescos e de longa duração.
Na generalidade todos os caminhos do Parque tinham bancos para as pessoas se sentarem. Consoante as zonas do Parque, as estações do ano (só Primavera e Verão), os dias da semana e a meteorologia, os bancos eram usados por sectores diversificados de pessoas.
O Parque dispunha de 6 entradas directas: a 1 e 2 na avenida do Liceu, a 3 na Miguel Bombarda, a 4 no Rossio ao lado do Tribunal, a 5 junto ao arranha céus e a 6 ao cimo da avenida Salazar.
Regra geral as famílias, os avós com netos, as criadas com as criancinhas, utilizavam os bancos situados nos caminhos mais movimentados.
Aos domingos os bancos situados no caminho paralelo à Rua Miguel Bombarda eram os preferidos pelos típicos namorados da época, “a sopeira e o magala” que ali descansavam após algumas caminhadas “à vista”. Estes eram os primeiros assentos já que, à medida que o namoro avançava, a respiração tanto ofegava que começavam a ter de descansar no banco junto ao Camões, seguramente atraídos pela idílica inspiração e o maior sossego.
Os estudantes tinham uma clara preferência pela proximidade do Liceu.
Os namorados do Quadro de Honra, aqueles tão bem comportadinhos que até os Pais sabiam, para não perderem nenhuma matéria, passeavam lado a lado juntinho ao muro do Liceu. Para trás e para a frente lá andavam sem cansar a discutir todas as matérias ensinadas na semana. Os outros, os normais, também respeitavam o apelo didáctico da escola, é certo, mas preferiam os bancos e os recantos do caminho do Parque paralelo à Avenida do Liceu. Aí sim, era estudo a sério sem dar nas vistas …
O meu 1º banco no Parque.
Terá sido em Setembro de 1963, por mero acaso, a minha estreia num banco do Parque da Cidade.
Era um banco apetecível, com muita procura mas no período de férias tinha pouca utilização. Entrava-se pela entrada 2 e logo no primeiro cruzamento virava-se à direita tomando o caminho paralelo ao Liceu. Era o primeiro banco que ficava encoberto por um bonito tronco de uma frondosa árvore, seguramente ali plantada por mão de Deus, pois a sua localização era Divina. Ao sentar, era muito conveniente dar a esquerda ao par o que possibilitava olhar o movimento dos caminhos ao redor.
Numa tarde daquele fim de Verão, e após o convívio entre os amigos, fiquei a sós com o meu par e, descíamos a caminho da esplanada do Parque, quando ouvimos o mais bonito chilrear de um passarinho transportado numa brisa leve, fresca e muito agradável. Era um sinal. Sem dúvida um convite.Não resistimos e apesar de algum receio e muita timidez, lá nos sentámos. E foi em boa hora pois vieram mais passarinhos e até passarinhas, uma brisa e outras brisas e nós lá nos fomos descobrindo embriagados naquele belo concerto que por encanto foi em rigoroso exclusivo já que ninguém mais passou por ali.E aquele ficou, para sempre, o nosso banco !
Com o passar dos anos e graças à grande fertilidade dos solos da Quinta do Maçorim já descoberta pelos Frades dos Capuchus no Séc.XVII, outros bancos ganharam grande preponderância e procura pelos diversos públicos alvo.
Em 1968/69 descobri o meu último banco do Parque. Era o último banco localizado no caminho do Liceu no enfiamento do ringue de patinagem. Tinha um arbusto que dava uma bonita sombra e, apesar de estar próximo do ringue, era muito discreto e possibilitava grandes momentos de descontracção. Só tinha um contra. Em vez do chilrear dos passarinhos ouviam-se as conversas e os palavrões dos miúdos que praticavam o hóquei em patins no ringue de patinagem. Limitação que fomos superando com alguma tranquilidade.
E assim fomos saudavelmente felizes nos bancos do Parque da Cidade !
O Parque da Cidade nasceu em terrenos oriundos da “Quinta de Maçorim”, uma quinta medieval, e da Cerca do Convento de Santo António dos Capuchus ali instalados desde 1635, onde os frades plantaram centenas de pés de carvalho e castanheiros.
Eram terrenos muito férteis com espécies vegetais únicas e árvores muito frondosas.
O Convento de Santo António dos Capuchos saiu daquele local em 1834 passando o espaço a ser gerido pela Câmara de Viseu até 1845, data em que passou a pertencer ao Quartel de Infantaria 14 que ali ficou instalado até 1951.
Em 10/7/1951 o Quartel foi transferido para o local onde hoje se encontra na entrada Sul da cidade , sendo as velhas instalações demolidas para permitirem a abertura da Avenida Salazar, hoje Av.25 de Abril.
Enquanto as obras não arrancaram o terreno foi utilizado com vários fins: Parque de estacionamento, campo de futebol e alguns eventos dos quais um dos mais marcantes na época foi um espectáculo circense de um grupo Húngaro, realizado totalmente ao ar livre, com trapézios e equilibristas a trabalharem sem rede nas alturas com mastros de madeira muito altos. A cidade em peso assistiu aos vários espectáculos que impressionavam pela altura em que eram realizados, ao frio, vento e chuva, com grande mestria e facilidade, na zona onde veio a ser construído o Hotel Grão Vasco, inaugurado em 1964.
Entretanto foi rasgada a Avenida Salazar atravessando os terrenos do Quartel e separando a área hoje ocupada pelo Hotel Grão Vasco e a área do Parque da Cidade onde ainda se destaca a igreja barroca da Ordem Terceira de São Francisco – a Igreja dos Terceiros. Ao tempo e ao lado desta existia a Capela da Nossa Senhora das Vitóriasque foi transferia pedra sobre pedra para o interior do Parque, onde ainda se encontra.
O Parque da Cidade foi desenhado pelo Arquitecto Viana Barreto em 1955.
Era um Parque muito bonito e muito frequentado por grande parte dos alunos e professores do Liceu, considerado o pulmão da cidade e dotado de vários e agradáveis caminhos de terra batida.
Três caminhos acompanhavam as Avenidas Salazar, Av. do Liceu e Rua Miguel Bombarda formando um U invertido. Um destes caminhos acompanhava paralelamente a Avenida Salazar subindo dos Terceiros passando pelo ringue de patinagem até à proximidade da Av. Do Liceu, virava à direita e continuava numa paralela ao Liceu até ao pequeno lago circular fronteiro às escadarias da entrada virada ao Liceu. Depois este caminho continuava paralelo ao Liceu terminando próximo da entrada ao enfiamento da Rua do Sabugueiro, rua lareral ao Liceu, ao lado do Café Infante. Aqui passava descer lateralmente numa paralela à Rua Miguel Bombarda, até à saída do Parque junto ao Rossio entre o Tribunal e os Terceiros. Estes caminhos laterais do Parque eram atravessados por uma larga diagonal que partia da entrada junto ao arranha céus e tinha uma saída na Rua Miguel Bombarda no enfiamento da Rua Cândido Reis.
O Parque tinha uma agradável esplanada no verão junto ao pequeno lago dos cisnes, e o seu ringue de patinagem era muito concorrido nos anos 60’s, época de ouro do hóquei em patins em que Portugal discutia anualmente os títulos Europeus ou Mundiais.
Mas a história dos primeiros 50 anos do Parque da cidade foi sendo escrita nos seus famosos bancos de jardim espalhados pelos seus diversos caminhos.