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porViseu

porViseu - divulgação do património histórico e cultural de Viseu.

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O Parque (III)

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Anos sessenta,
VISEU,
O LICEU,
O PARQUE…,
... E O AMOR!
Havia de repente no ar um prenúncio de Primavera, uma temperatura amena, um céu intenso e claro. Ele atravessa o parque, caminha como se não se fosse deter nunca mais, com um desejo e uma pressa, uma vontade de cantar. O amor está no ar. Um pássaro voou diante de si, tão rápido que quando levantou os olhos já desaparecera. Os pássaros são corpos pequenos e quentes, recordou, como os seios dela que adora ter na sua mão. Daí a minutos está à porta do Liceu, senta-se no muro contrário ao portão principal e espera.Com um ar arisco e solto ela chega sem ruído, leve. Beija-o com ar irónico e inicia rápida descida das largas escadas de pedra para o parque. Ele corre atrás dela. Olha, como sempre, para as pernas altas e esbeltas que a mini deixa a descoberto. Abraça-a e sussurra – lhe ao ouvido: “ Vamos até à Cave do Viriato ou ao Fontelo?” ”Blá, blá, blᔠmurmura ela. “Eu não vou namorar para esses sítios, já sabes”. Vencido uma vez mais, mas em estado de graça, agarrou-lhe a mão e daí em diante caminham, como todos os dias desde que namoram, com desejo e ternura, as palavras baralham-se porque os corpos se tocam.O parque é pequeno e milhares de vezes visto. Param junto ao lago. A água está escura o que eles não vêm sequer porque quando abraçados os olhos nada vêem; É um tempo vivo, intenso, que os faz esquecer tudo: À volta deles tudo fica vago, difuso e sem fronteiras. Sussurram palavras desarrumadas que falam de amor. Corpos que se entendem, que se esmagam. Lábios que se procuram e encontram. Mãos que apertam, afagam, acariciam. São breves minutos, o lugar não permite mais. Viseu é conservador e os pais dela não são de festas.Recomeçam o passeio, o braço dele por cima dos ombros dela, aproveitando os movimentos do andar a mão dele roça-lhe os seios, as ancas encostam-se, os rostos afogueados revelam o turbilhão dos seus corpos e das suas almas. Escolhem um banco só meio escondido, não há bancos escondidos naquele maldito parque, a única coisa escondida é a estátua do Camões no meio dos arbustos. Sentam-se. Ela encosta a cabeça no ombro dele e ele tem prazer ao sentir o cabelo dela no seu pescoço. Ficam em silêncio, saboreando-se um ao outro. Ele pousa a mão no joelho dela, acariciou-lhe depois a coxa num gesto de posse que ela gosta, aceita e aninha-se mais ainda nele. Num movimento muito terno, ele introduz dois dedos entre os botões da blusa e acaricia-lhe suavemente os seios. Sentem que se estão a abandonar um ao outro e os lábios unem-se. Na igreja do parque os sinos batem horas. Nas suas cabeças os sinos de todo o mundo repenicam para eles. Naquele momento eles são o mundo.
por Alberto do Rosário


O Parque Aquilino Ribeiro ( O Parque), vai fazer 50 anos (1955). Que lindo que é o Parque !Quantas histórias por ali andam. Tantos encontros e alguns desencontros.Os primeiros cigarros. Os primeiros beijos, uns consentidos, outros roubados. Todos desejados !
Quem não se lembra dos versos colocados junto da estátua de Camões, quando para ali foi deslocada do Largo da Sé ?
"Que fazes aí Camões,
Homem de tão Grande valor"?
"- Estou a apanhar bolotas
para os grandes idiotas
que aqui me vieram pôr!"

Pois é. O Parque vai fazer 50 anos e vai também ser requalificado pelo seu autor António Viana Barreto.Sabemos que irá ter um Restaurante com dois pisos no lugar do Ringue de Patinagem. Também irá ter muita água, prolongando-se o actual lago até ao restaurante. Terá um bar em regime permanente construído em cima do lago. Será construído um anfiteatro de relva junto ao actual palco.Ah, claro que os cisnes serão renovados !!!Parece-me bem !
porep
















Gente que Sente: José Madeira

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José Madeira (1915-1992), ilustre Viseense, Desportista, Atleta e Professor de outros grandes Atletas, Democrata exemplar, Poeta dos Postais da Cidade, Contador de Estórias, Guia Turístico, apaixonado pelo Académico,admirado e amado por todos, foi escolhido pelo escultor Mariano Benliure para modelo da estátua de Viriato.
Para ele 5 Viriatos viriatos5r.jpg
na monografia da Confraria de Saberes e Sabores da Beira "Grão Vasco"


Opinião

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Alberto do Rosário

O Comando de todos os descontentamentos

Nasci no concelho de S. Pedro do Sul.Para benefício da minha cabeça, eternamente agradecida, ainda não havia televisão.À noite as famílias e os amigos ainda não tinham sido transformados em pastores alemães - com o maior respeito por esta raça de cães, que adoro - todos sentados, ou deitados, com esbugalhados olhos de admiração, fixados e sem descolar, na caixinha com imagem e som.A televisão mudou a Aldeia, adormeceu a Cidade, abrasileirou o País. Cativou e deslumbrou os espectadores. Agarrou definitivamente os jovens. Mas, o “écran” mágico já não vai tão formoso e bem seguro, pois o “Zapping” transformou a televisão numa sequência de imagens imparável, desconexa, alucinante e sem qualquer possibilidade de alguém entender qualquer coisa que seja. Odeio o “Zapping”. Odeio o “Zapping” porque gosto da força da comunicação da generalidade dos “spots” televisivos e nunca mos deixam ver. Aumenta o ódio quando está no ar uma campanha que me interessa especialmente e nunca consigo ver os anúncios. Odeio o “Zapping”porque alterou o mando em casa; A autoridade já não está com quem ganha o dinheirinho ou se senta no topo da mesa, mas em quem controla o comando. A televisão, o comando e o “Zapping” criam e provocam relações e cedências bizarras.Tenho razão?! Ou já são os meus 150 anos que não me permitem entender tal revolução comunicacional? Ou tudo estará bem quando a televisão copiar o”one to one”? O “one to televisão” deixará cada um com a sua caixinha mágica e um comando a ser manuseado freneticamente até que o sono chegue. De manhã o sonâmbulo volta ao trabalho e à noite volta ao “Zapping” e é a felicidade máxima. Para completar: VIVA O SPORTING!

Café Rossio

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O Lugar !
O Café, a conversa, o estar,
os do Contra, os do Poder,
os das tricas, e os do morder,
os do bem e do mal dizer,
e os do comer ...
e os do fino, e os da televisão.</p>

Tudo era redondo naquele r/c,
as mesas até aos pés,
as travessas dos cafés,
as cadeiras e o corrimão,
até a Esquina e o Balcão.

Por aquele chão de madeira
passava a cidade inteira.
O Doutor e a menina,
o “Formidável” e a Flausina,
o Liceu e a Escola,
a Política e a Bola.

Vazio, vazio,
Só nas noites de verão.
Quando o calor apertava,
a cidade passeava
horas a fio,
num louco rodopio,
nesse grande salão
que era o Rossio.
Cada um na sua mão,
quase todos num sentido,
e poucos na contra-mão.

E o Bilhar !!!
Quem não se lembra da atmosfera daquele 1º andar ?
Pelas janelas abertas, de par em par,
saía fumo, um palavrão, e entrava o ar.

Muitos tacos, muito giz,
os candeeiros mesmo em cima do nariz
do entendido que ensinava o aprendiz,
só concentrado nas palavras do seu juiz.

Na mesa ao lado já com as bolas a rodar,
o fumo, os nervos, o silêncio, e o rezar,
para esta jogada vir a confirmar,
Aquela aposta que estava mesmo a ganhar,
não fora a última tacada espirrar.
Ah,
Que aventura era lá entrar !!!
o estado adulto antes de lá chegar !
Valeu a pena por lá passar !

porep